segunda-feira, 14 de junho de 2010

A razão

Hoje li algo que espelha claramente o problema de tantos. Dizia um homem:

"For 23 years, I went to work and I had a reason, money. But I never had a purpose."
Durante 23 anos fui trabalhar porque tinha uma razão, o dinheiro. Mas não tinha um propósito.

Isto atinge em cheio o nervo central da frustração do ser humano. Porque somos obrigados a trabalhar, somos obrigados a ganhar dinheiro. E isso passa por cima daquele desejo nuclear de termos um objectivo, de sentirmos que temos um propósito.
Hoje, disse isto a alguém. E a resposta foi "Tens tu esse problema, e milhões de outras pessoas."
Que triste resposta. Como se isso fosse justificador e simplesmente tivesse que me conformar. Como se ambicionar um propósito fosse afirmar-me melhor que todos esses milhões. Se há milhões que talvez nunca tenham a possibilidade de encontrar o seu propósito, não é por isso que deixarão de o desejar e alguns procurar. E quem tenha, ainda que remotamente, a oportunidade de o encontrar, está ainda mais na obrigação de o fazer. Por todos esses milhões que não podem. E porque encontrá-lo pode ser o caminho para que outros o encontrem.

Há alguns anos que me faço acreditar que a razão é suficiente. Mas não o é para todos. Para alguns, o desejo de servir um propósito é brutal. Toma conta de tudo, de todas as nossas acções, sentimentos, palavras. Para esses não há forma de viver feliz sem propósito. Não há forma de viver cada dia em paz, sem propósito. Não há forma de fazer os outros felizes, sem propósito.
Às vezes é desesperante olhar em volta e não ver o espaço onde a peça que somos encaixa. Será tarde...?

1 Comments:

  • Só tenho uma coisa para te dizer. Neste aspecto, que nos outros não sei, somos almas gémeas.

    By Blogger Susie, at 11:32 da manhã  

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