sábado, 17 de abril de 2010

Lições, lições e lições

Esta foi uma semana de lições. Quase todas negativas.

Quando regressei ao trabalho depois de uma maravilhosa licença de parto, prometi a mim mesma uma mudança radical de atitude a nível profissional. Não necessariamente para melhor. Mas eu tinha percebido que, se não levarmos as coisas muito a sério e não nos preocuparmos se os outros estão a fazer as coisas bem feitas ou não (e muitas vezes é não), tornamo-nos pessoas mais leves e simpáticas. E conseguimos dar-nos razoavelmente bem com toda a gente. Porque a verdade é que, quem é exigente é mau, e quem não quer saber é bom.

Por isso decidi algumas coisas que nunca imaginei:
- Não me envolver em nada,
- Não comentar nada feito por outra pessoa, nem dar qualquer sugestão,
- Não me oferecer para nada e realizar apenas os trabalhos que me são solicitados directamente,
- Fazer o meu trabalho em silêncio, sem envolver ninguém.
Conjuntura talhada para o sucesso? Não.

Nos primeiros meses, até correu bem. Embora achasse totalmente desmotivante não haver verdadeiro trabalho de equipa, troca de ideias e sugestões ou qualquer empatia genuína, achei que se conseguia uma certa paz e independência. E durante uns tempos convenci-me (muito mal) que aquilo tinha futuro. Afinal, aquilo é só o trabalho, e a parte verdadeira e emocionalmente importante não é ali que está.

Vejo hoje como este fantástico grupo de decisões estava destinado ao fracasso.
Por tantas razões... Porque vermos os outros a fazer as coisas mal nos afecta, porque certas decisões prejudicam o global, porque as pessoas nos pedem coisas que envolvem outros e não podemos passar o tempo a dizer que não. Porque ainda temos um vago sentido de obrigação, de dever, e um igualmente vago brio profissional.

Esta semana foi verdadeiramente deprimente a nível profissional. Por três vezes fiz exactamente aquilo que achava correcto, da forma mais humilde, seguindo as regras para não ferir as susceptibilidade de ninguém (e como elas são sensívéis). E das três vezes, tive problemas. Injustos, que fique claro.

Desisto. Não sei mais o que fazer. Sei que a única solução era tornar-me numa daquelas pessoas que nunca imaginei ser. Aquelas mesmo lá no fim da linha do imaginário. Aquelas que genuinamente já não querem saber, aquelas que genuinamente já não têm vontade de fazer mesmo nada, aquelas a quem o espírito já foi genuinamente quebrado. Que são também aquelas que esperam, revoltadas, pela reforma.
Aquelas para quem eu, no início disto tudo, olhava e me perguntava: Como é possível alguém ser assim...??
13 anos depois, já fui brindada com a resposta.

Ou isso, ou mudar. Onde, como, com que coragem? Não sei.