quarta-feira, 14 de março de 2007

Ai se ela cai...

Às vezes a peça de porcelana mais bonita e inspirada, tratada com o maior cuidado, cai ao chão mesmo assim, e parte-se. E por muito que as mãos se esforcem por colher todos os pedaços e apliquem o seu tempo a reconstruir a peça com dedicação e paciência, ela nunca volta a ser a mesma. Já nunca é tão forte e perfeita. É já sempre incompleta, mesmo que à primeira vista não lhe falte um pedaço. Já não é uma única, mas um retalho de peças. Mesmo que de longe pareça una, de perto notam-se as marcas da união forçada, as cicatrizes. E podemos habituar-nos a elas, mas nunca deixamos de as ver. De passar a mão e senti-las.
E uma peça velha e reconstruída perde o brilho junto de uma peça nova, a ser construída de raiz.