terça-feira, 6 de julho de 2004

Olho por olho


Há pessoas que nos mandam más vibrações desde o primeiro instante. Há pessoas que vivem numa eterna luta maquiavélica para se afirmarem, para terem poder sobre os outros, para serem influentes e fazer-nos temer a sua omnipresença. Há pessoas que conseguem imiscuir-se em cada detalhe de forma quase imperceptível. Há pessoas que têm um objectivo em cada sorriso, em cada palavra, em cada gesto. Há pessoas que tiram uma espécie de prazer vampírico da mágoa dos outros. Há pessoas que te sorriem enquanto te atiram pedras ao coração. Há pessoas que constróem a sua imagem correcta e magnânima sobre um âmago de insegurança e inveja. Há pessoas que só sabem medir o seu sucesso mediante a sua superioridade junto dos outros.
Passamos a vida a tentar evitar estas pessoas. Mas a vida encarrega-se de as colocar no nosso caminho, de vez em quando. Parece um teste qualquer. Como se só na nossa humildade e na nossa integridade conseguíssemos ser maiores do que elas. Mas há momentos em que de repente se abre uma pequena brecha. Uma oportunidade de pagar na mesma moeda. Uma oportunidade de lhes dar a provar um gole do seu próprio veneno. A tentação é tão grande! Mas a sensação é de que nós não vamos conseguir safar-nos com a mesma pinta, como fazem aquelas pessoas. Parecem imunes à justiça, parecem imunes ao castigo. Passam pela vida interiormente infelizes – só podem -, mas sem por uma única vez se prejudicarem com a sua própria maldade. Pelo contrário, encontrando apenas razão para continuar.
Assistir a isto põe a nossa integridade à prova máxima. Quando uma brecha nas muralhas de uma pessoa assim se abre bem à nossa frente. Fazer uma coisa má a uma pessoa má. É justiça? Ou é vingança?
Faço? Ou não faço?