sexta-feira, 2 de julho de 2004

O que é que fazemos...


Ao início foi perfeito, era tudo o que eu precisava. As pessoas até tinham inveja de nós. Parecia que nos conhecíamos desde sempre. Relação perfeita, esta da amizade, com quase todas as vantagens do amor, sem as exigências do amor. E no entanto claramente mais frágil, mais fácil de vender.
Não sei onde foi que entrou em mutação. Não sei qual foi o ponto em que chegou ao topo e começou a cair. Não foi uma queda vertiginosa. Foi lenta, e com alguns sinais de recuperação. Mas não foi capaz de resistir ao que a rodeava. Foi entrando uma pedrinha na engrenagem, depois outra, algumas fomos nós mesmos que as colocámos lá. Aquilo que num momento parece forte, sólido e resistente a todos os embates, no outro é oco, falso e quebradiço. Tenho tanta pena. O carinho transforma-se numa vontade de desprezo. E o passado... o que é que fazemos com o passado, depois da desilusão? Foi uma mentira? Ou terá sido verdade enquanto acreditei nela...? Não interessa saber. Hoje não olho nos olhos, falo o indispensável. Se esta aliança era tão facilmente corrompível, também não valia a pena mantê-la.
Tenho tanta pena. Mas esta não foi a primeira vez. Com certeza não será a última.
Não faz mal. Enquanto tiver coragem, vou continuar a investir em amizade. Cabeça levantada. E venha outra!