quarta-feira, 30 de junho de 2004

Pessoa em construção


Quase todos os dias penso em ti. Maravilha-me a ideia de que existes. De que já existes. Tiro quase sempre uns segundos para imaginar-te. Para tentar adivinhar como estás, para saber qual será a última novidade do teu corpo. Hoje, pela primeira vez, não foi preciso imaginar-te. Vi-te. Mas a realização da imagem que fui formando durante este tempo serviu apenas para imaginar mais longe. Quem vem dentro desse corpo? Quem és tu, que ninguém conhece mas todos esperamos?
Às vezes tenho receio que não gostes deste mundo. Que vás perguntar a Deus o que lhe passou pela cabeça para te pôr neste lugar. Às vezes acho que devia dizer-te qualquer coisa. Mas não sei o quê. O tempo vai passando, e nós continuamos sempre a apalpar terreno. Continuamos sempre confusos com a nossa própria lógica. Mas se eu continuo à procura de um sentido, hoje vi-o. Quando te vi. Não sei se já inventaram palavras para isto... Acho que senti a continuidade do tempo, acho que senti o futuro, acho que senti a vida. Se tinha receio de que não gostasses do mundo, enganei-me. Tu próprio és razão para o querer, para o amar. E o mundo passa a vida a mandar estes sinais a toda a gente. Desta vez calhou-nos a nós, que te rodeamos. Aquela imagem a preto e branco traz consigo toda a cor que nos faz falta.
Pena não poder dar-te certezas. A não ser que estamos todos à espera que chegues. E que, quem quer que sejas, terás algo incondicional chamado amor. E só isso vale todos os segundos.
Por isso, prepara-te bem e vem daí! Vais curtir à brava.