sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Simbioses



Há pessoas assim, que guardam nelas a nossa casa. Que guardam o lugar aonde sempre pertencemos, uma espécie de puzzle onde nós havemos de encaixar sempre, por muito que o tempo passe, por muito até que não quisessemos. Ela esteve sempre na minha vida, desde que começámos a pensar, quando crescemos, quando descobrimos que tinhamos sonhos iguais, quando os vivemos, quando me desiludiu, quando me fartei, quando virei costas, e nos anos todos em que só partilhámos Olás. Mas a vida é um ciclo, e não há volta a dar, ela faz parte do meu. Uma espécie de simbiose, para o mal e para o bem. Foram só precisos uns poucos minutos. Estar ao lado dela foi regressar a casa. Foi tudo outra vez. Foi o renascer daquela parceria, por debaixo das dúvidas, dos receios, da desconfiança, dos passinhos pequeninos, a equipa ainda estava lá. Como andar de bicicleta. Sentada ao lado dela, a reviver o que já tinha ficado lá para trás, surpreendeu-me a forma como ainda pensamos exactamente o mesmo, como não é preciso explicar o que pensamos.
O tempo desta vez é que me deu a volta. Apagou o mau e manteve surpreendentemente fresco o bom. E o bom era mesmo mesmo muito bom.
O mal disto dos ciclos é que corro o risco de voltar à parte da desilusão. Mas já desisti de negar, quer-me parecer que Deus tinha mesmo um objectivo em fazer as nossas vidas acontecer a poucos metros uma da outra. Ainda não sei qual, e não sei se um dia descobrirei. Mas como é mesmo assim, não vou mais remar contra a maré. Vou jogar para ver. Já passei a fase em que não fazia as coisas, só para não correr o risco de correrem mal.
Todos temos uma ou outra pessoa neste mundo que volta sempre, porque na verdade nunca se foi embora. E quem sabe, seja possível fazer com que o ciclo tenha um final diferente da primeira vez? Se bem que, a ver bem, nunca é um final...

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