quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Os beijoqueiros

Gosto destas pessoas. Não haverá assim tantas, e normalmente, claro, são mulheres. Dão beijos como uma facilidade incrível, à família e aos colegas de trabalho. Como a Elisa. Não é melosa, nem pirosa, nem fingida, nem chata. Mas dá beijos, sem o menor constrangimento. Não será por dá cá aquela palha, mas dá. Admiro este à vontade. Acho uma maravilha, porque a mim não me passaria pela cabeça achar que as pessoas em geral não se importariam de receber beijos meus, sem serem os do cumprimento da praxe.
A Elisa dá-os na cabeça, no rosto, mas daqueles sentidos. Fez-me lembrar um rapaz que conheci já devem ir uns 17 ou 18 anos. Já nem me lembro do nome dele. Mas dizia ele que achava os beijos no rosto, no cumprimento às mulheres, muito fugazes e sem sentimento. E não, não era depravado. Segurava-nos o rosto e beijava-nos a testa. Por altamente fútil e piroso que este texto possa soar, o facto é que percebi naquela altura como estamos todos tão pouco habituados a beijos sentidos. E o beijo na testa tem algo de carinhoso e respeitoso, e transforma os dois beijos passageiros e insignificantes numa manifestação de sentimento.
É por isso que gosto dos amigos / colegas / conhecidos beijoqueiros. Aqueles cujos beijos realmente nos atingem a pele e até fazem som. Que mostram que as manifestações de carinho fora do seio familiar podem ser a coisa mais normal do mundo. A minha conclusão é que todos devíamos praticá-las e quebrar aquela barreira física que muitos de nós parecem ter. O nosso espaço individual é para a maioria demasiado restricto e inflexível. E raios, porque é que havemos de ter vergonha de beijar um amigo?