quarta-feira, 2 de junho de 2004

Finalmente sei para que servem...!


... os palavrões. Além de acompanharem tão bem a batidela do cotovelo na esquina da mesa, a pancada do dedo mindinho na perna da cama e a cabeçada certeira no canto da porta do armário da cozinha, revelaram-se hoje tão úteis onde? No trânsito, é claro! Porque eu vou sempre dar prioridade aos veículos que circulam nas rotundas, porque vou sempre parar nos sinais amarelos, porque se vir alguém aflito vou sempre deixá-lo passar.

E hoje de manhã, cedi. Quando parei para entrar numa rotunda, dando prioridade a uma mota que já lá circulava, ouvi buzinar histericamente atrás de mim, e pelo espelho retrovisor só vi braços agitando tresloucados e por trás deles uma cara de mutante descontrolado. Então, levantei o braço e juntamente com as palavras “vai-te f****”, fiz... o “dedo”.

Pronto, é verdade. Cedi. A verdade é que esta é a única linguagem que estes mutantes, escondidos dentro das suas banheiras, compreendem. E por instantes desci ao inferno das suas vidas mesquinhas, impacientes e frustradas, só para poder comunicar com eles. Não foi construtivo. Mas soube bem.