Os bolsos cheios
Trago os bolsos cheios de sonhos, desde sempre. Antes recolhia-os a todos e levava-os comigo, porque os sonhos não eram de desperdiçar. Nunca os contei e mal dava por eles. Apanhava-os perante uma imensa vida a perder de vista, cheia de espaço para preencher e tempo para alcançar. Eram como balões, que me levantavam os pés do chão e me levavam, que me mantinham perto do sol sem queimar as asas. Mas um dia dei por eles. Quando finalmente lhes senti o peso. E como um bote náufrago com demasiada gente, tive que decidir os mais importantes, e lançar os outros à água. Deixá-los para trás. Durante tanto tempo, “sonho” foi uma palavra mágica, cheia de tudo o que eu podia ser. Hoje sonho sim, com outras dez vidas, pelas quais pudesse espalhar o conteúdo dos meus bolsos. E em cada uma ser algo diferente, numas aprender, noutras arriscar, noutras perder-me, noutras encontrar-me noutros lugares. E em cada uma seguir um sonho diferente. Mas só tenho esta, e esta nem sequer vem com papel de rascunho. Por isso caminho meio às cegas, e escolho o certo pelo duvidoso. Aquilo que sempre disse que nunca iria fazer. Porque eu era diferente. Era eu que ia levar a vida à frente, e não ela que me ia levar atrás. De alguns sonhos ainda senti o perfume. Outros tomei-lhe o sabor. Outros nunca sequer os vislumbrei. Acabei por trocá-los quase todos pelos palpáveis. Acabei por ser igual.
Mas algures aqui por de trás de mim, ou talvez pairando sobre a minha cabeça, ainda os sinto. Minúsculos, longínquos, mas sinto-os vivos como sempre. Como se me estivessem no sangue. E a esperança de ainda ser diferente. Por vezes são o peso que me faz cair no chão de cansaço, outras o ar quente e mágico que me ergue acima da copa das árvores.
Afinal é isso que eles são. Não são os pontos do caminho que nunca cruzamos, não são os marcos de objectivos frustrados. Os sonhos são a luz que me vem cá de dentro, são a certeza de que o dia que se segue pode ser meu, são mesmo aquilo que me move, são a prova de mim mesmo. Os sonhos não são pontos ínfimos no horizonte. Estão aqui comigo, são a matéria de que sou feita. E até hoje, eu ainda não tinha percebido.
Mas algures aqui por de trás de mim, ou talvez pairando sobre a minha cabeça, ainda os sinto. Minúsculos, longínquos, mas sinto-os vivos como sempre. Como se me estivessem no sangue. E a esperança de ainda ser diferente. Por vezes são o peso que me faz cair no chão de cansaço, outras o ar quente e mágico que me ergue acima da copa das árvores.
Afinal é isso que eles são. Não são os pontos do caminho que nunca cruzamos, não são os marcos de objectivos frustrados. Os sonhos são a luz que me vem cá de dentro, são a certeza de que o dia que se segue pode ser meu, são mesmo aquilo que me move, são a prova de mim mesmo. Os sonhos não são pontos ínfimos no horizonte. Estão aqui comigo, são a matéria de que sou feita. E até hoje, eu ainda não tinha percebido.
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