Pontapé de canto
Sábado à tarde, num restaurante em frente ao mar, pouca gente, janta-se boa comida, à luz do pôr do sol. Um enorme ecrã de televisão debita as notícias do dia. Pela imagem passam os testemunhos da explosão de uma bomba em Sanxenxo, na Galiza, o susto do incidente com o avião da TAP, os corpos dos sete palestinos mortos num ataque israelita, as crianças de S.Tomé que nunca viram brinquedos nem três refeições por dia, as vítimas de um atentado no Iraque, um carro e três vidas desfeitas no IP5. Os rostos mantêem-se impassíveis, os olhos meio distraídos, janta-se com a displicência pelo mundo sentada à mesa e com a arrogância de quem tem a paz por garantida. Subitamente, o jogo Porto – Benfica. Os olhos abrem-se, as bocas rasgam-se em sorrisos e protestos, as vozes elevam-se em elogios e ironias, o restaurante sai da letargia do fim de uma tarde de Verão, para os orgulhos que vêm agarrados às bolas de futebol. E o resto do mundo chuta-se para canto.
Apresento-vos o povo português. Muitos outros serão com certeza também assim. Mas este é o meu. E para já, é este que eu vejo viver fechado entre quatro linhas. E sem árbitro!
Apresento-vos o povo português. Muitos outros serão com certeza também assim. Mas este é o meu. E para já, é este que eu vejo viver fechado entre quatro linhas. E sem árbitro!
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