Réguas partidas
A maior parte das pessoas parece ter a necessidade de medir tudo. Andam de fita métrica no bolso, prontos a tirar as medidas a tudo, ao dinheiro, às amizades, aos amores, às pessoas, aos carros que têm, às casas que têm, aos trabalhos que conseguiram, a tudo. Há uma necessidade de medir e comparar, como se pudesse haver uma escala para tudo, igual para todos. Nos bens materiais ainda poderia existir, mas isso não dá um resultado do sucesso. Para mim ter um carro grande e potente sempre esteve fora da lista de objectivos pessoais, para o vizinho do lado era o grande sonho. Quem pode dizer que ele é mais bem sucedido do que eu, só porque ao lado do Mercedes dele está um Fiat pequenino e velhote? Mas isso é uma história velha. O que me faz mesmo confusão é quererem medir os sentimentos. Ainda por cima com base em factores específicos e que nada têm a ver com a alma.
Hoje ao almoço ouvi uma frase que considero das mais repletas de ignorância que já ouvi. Um homem de 31 anos, com cara de miúdo de coro da igreja, declarou perante todos que duas pessoas que se casam e mantêm contas bancárias separadas não têm uma relação a sério. Segundo este especialista em amor, isso significa falta de confiança, um no outro, e na relação que têm. Olhei-o com alguma perplexidade. Confesso que tive profunda dificuldade em perceber o raciocínio. Mais ainda quando ouço dizer que fazer o que ele fez, casar e ter apenas uma conta com a esposa, porque confiam um no outro, é “muito bonito”. Também não sei o que é que a beleza de um sentimento tem a ver com as contas bancárias. Não será mais bonito quererem passar a vida juntos? Manter independência significa não amar verdadeiramente o outro? Eu não sabia.
Eu cá nunca medi o amor. Sinto-o, nas mãos dadas no hipermercado, no beijo quente no pescoço à varanda, nos sms durante o dia, nos momentos de silêncio, nas horas a conversar, nos fins do dia em que uns braços me fazem sentir que o resto não importa, no aconchego no sofá debaixo de um cobertor numa noite de Inverno, na sensação do porto de abrigo incondicional. O dinheiro usa-se para o gastar com o outro, para ir ter com o outro, usa-se para viver e não para medir. E usa-se com nós mesmos, da forma que bem entendermos. Confesso que senti alguma pena de que haja quem precise de juntar a conta bancária pessoal com o outro, para sentir que tem uma relação a sério. Já sei que hoje em dia o dinheiro serve para tudo, é tudo. Mas teremos nós que juntar o nosso dinheiro com o do parceiro, para oficializar o amor?
Haverá uma estatística que mostre que os casais com apenas uma conta bancária conjunta estão casados mais anos do que aqueles que preferem manter contas separadas?
O amor vive-se, cada um da sua maneira, não se compara nem se mede. Aquela declaração espelhou um tipo de “pré-conceito” meio retrógado que eu pensava extinto, pelo menos nas gerações mais novas. E espalhado assim, perante todos, soou-me a uma certa arrogância sabedora, que francamente, não fez mais do que provocar-me uma certa azia. Mas tenho esperança que passe. A azia e o preconceito.
Hoje ao almoço ouvi uma frase que considero das mais repletas de ignorância que já ouvi. Um homem de 31 anos, com cara de miúdo de coro da igreja, declarou perante todos que duas pessoas que se casam e mantêm contas bancárias separadas não têm uma relação a sério. Segundo este especialista em amor, isso significa falta de confiança, um no outro, e na relação que têm. Olhei-o com alguma perplexidade. Confesso que tive profunda dificuldade em perceber o raciocínio. Mais ainda quando ouço dizer que fazer o que ele fez, casar e ter apenas uma conta com a esposa, porque confiam um no outro, é “muito bonito”. Também não sei o que é que a beleza de um sentimento tem a ver com as contas bancárias. Não será mais bonito quererem passar a vida juntos? Manter independência significa não amar verdadeiramente o outro? Eu não sabia.
Eu cá nunca medi o amor. Sinto-o, nas mãos dadas no hipermercado, no beijo quente no pescoço à varanda, nos sms durante o dia, nos momentos de silêncio, nas horas a conversar, nos fins do dia em que uns braços me fazem sentir que o resto não importa, no aconchego no sofá debaixo de um cobertor numa noite de Inverno, na sensação do porto de abrigo incondicional. O dinheiro usa-se para o gastar com o outro, para ir ter com o outro, usa-se para viver e não para medir. E usa-se com nós mesmos, da forma que bem entendermos. Confesso que senti alguma pena de que haja quem precise de juntar a conta bancária pessoal com o outro, para sentir que tem uma relação a sério. Já sei que hoje em dia o dinheiro serve para tudo, é tudo. Mas teremos nós que juntar o nosso dinheiro com o do parceiro, para oficializar o amor?
Haverá uma estatística que mostre que os casais com apenas uma conta bancária conjunta estão casados mais anos do que aqueles que preferem manter contas separadas?
O amor vive-se, cada um da sua maneira, não se compara nem se mede. Aquela declaração espelhou um tipo de “pré-conceito” meio retrógado que eu pensava extinto, pelo menos nas gerações mais novas. E espalhado assim, perante todos, soou-me a uma certa arrogância sabedora, que francamente, não fez mais do que provocar-me uma certa azia. Mas tenho esperança que passe. A azia e o preconceito.
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