quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Solicitam-se imagens!

Toda a gente faz isso. Quando voltamos de férias, toda a gente pergunta “E quando é que vemos as fotografias? E as fotos? Imagens, queremos imagens!” É muito simpático, revela interessa pela nossa vida. Mas, sejamos honestos, quantas destas pessoas querem realmente ver 300 fotografias das férias dos outros? Ainda me lembro de quando as fotos se mandavam revelar. Trazíamos o molho para mostrar aos amigos e aos colegas, e era vê-las voar umas atrás das outras, sem que prestassem atenção ao mínimo pormenor, e muito menos desse tempo para explicar o que quer que fosse. Até hoje devo ter conhecido duas ou três pessoas que realmente se deixavam contemplar as imagens e conhecer o que estavam a ver. Já há muito tempo que optei por mostrar os meus recuerdos das férias apenas a essas, e a todas as outras faço um muito resumido sumário oral, para não correr o risco de passar pela agradável sensação de que a atenção já divergiu para um assunto de trabalho ou uma roupa qualquer ou um jogo de futebol.
Hoje em dia, com a era do ditigal, é tudo muito mais fácil. As pessoas fazem-nos a cena das fotos que não querem assim tanto ver como isso, nós fazemos um apanhado de cinco ou seis das melhores, enviamos por email e está feito. Cada um vê quando lhe apetecer, se lhe apetecer, à velocidade que lhe apetecer. Nada de slide shows na televisão da sala ou no computador.
Eu, bem... sou mesmo à moda antiga. Para mim uma fotografia só é digna do nome quando está impressa. E é assim que gosto de as ver, uma por uma, com detalhes, e informação sobre o que estou a ver. Mas para muitos, convenhamos, a era digital veio permitir-lhes manter a cena do “queremos fotos” e poupar grandes secas.

Regressos

Aviso: este não é um daqueles posts entusiasmadíssimos, daqueles de quem acaba de regressar de férias. Porque...
A cada ano que passa parece que é sempre mais difícil. Era suposto ser um intervalo para descanso, para poder voltar com o espírito refeito e pronto para encarar mais um ano. Agora não. É quase masoquismo. Dêmos um saltinho ali a outros lugares, onde as pessoas são mais simpáticas, mais sorridentes, mais profissionais, mais descontraídas, onde a vida passa um pouquinho mais devagar, onde há sempre tempo para mais coisas além do trabalho, e onde há quem saiba regozijar-se com as pequenas coisas. Sim, eu sei que de férias tudo parece melhor. Mas era preciso ser cego para não perceber que o nosso povinho gosta mesmo de dificultar a vida a si próprio e fazer tudo pior do que podia ser. Sim, é cada vez mais difícil, voltar à estupidez dos condutores no trânsito, voltar à mesquinhice das pessoas nos supermercados, voltar à antipatia dos empregados das lojas, voltar à competitividade doentia do trabalho, sim, voltar a tudo aquilo que nos esforçamos tanto para que seja sempre pior. As grandes cidades são um grande fracasso. Mas isso já era outra história, para outro dia. Deixa cá ver se consigo voltar a encaixar-me no conformismo desta nossa realidade. Com licença.