quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Frase do Dia

Dentro de cada pessoa idosa há um jovem muito surpreendido.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A razão

Quando se está muito tempo com uma pessoa, quando se partilham projectos, se dividem tarefas, se planeiam futuros, há sempre, sem excepção, uma única questão que acaba por surgir à superfície. A razão. Nos primeiros tempos, somos sempre o melhor de nós, compreensivos, tolerantes, prontos a ceder, abdicando sem hesitações da nossa opinião pela do outro. Mas por baixo do verniz lustroso e sem falhas, estamos nós, seres humanos de tal forma imperfeitos e humildo-deficientes que sabemos que somos donos daquilo que os outros todos apenas acham que têm: razão. Infelizmente, o tempo e os obstáculos ocupam-se de fazer estalar a nossa brilhante cobertura, e pelas falhas lá começa a reluzir o nosso lado mais negro. O lado QUE TEM RAZÃO. É assim que, enquanto para uns somos mesmo simpáticos e bem dispostos, para outros nos tornamos lentamente cada vez mais intransigentes. Ceder é cansativo, e às tantas já não conseguimos manter aquela almofada de segurança entre o que pensamos e o que dizemos. Porque convenhamos, em 99% dos casos, quem tem razão... somos nós. E é tão estranho como os outros não conseguem ver algo tão claro...!
Soluções? Não sei. A razão está no meio de todas as relações, e desconfio que está também no início e no fim de muitas. O equilíbrio dura apenas enquanto o verniz não estala. E racionalizar, conter, evitar não me parece natural, extermina toda a espontaneidade entre as pessoas. E como não é natural, dura apenas o que dura – muito pouco. Porque se não é natural, não tem graça nenhuma.
Ouvir. Ouvir talvez seja a solução. Ter razão não pode ser uma questão de honra. Talvez faça mesmo sentido se os outros chegarem de facto ao fim das frases. Talvez outras vezes seja apenas outro caminho para chegar ao mesmo lugar, e quem sabe até seja um caminho mais curto. Ou mais longo, se tiver que ser.
E ver. Vermo-nos pelos olhos dos outros. Por muito difícil que seja, é um exercício – por vezes desagradável – que nos impõe limites e nos lima arestas.
A razão pode transformar-nos nuns monstrinhos insuportáveis, e quanto mais nos domina, mais parece que são os outros a sofrerem a mutação. É a vida. Enquanto houver duas cabeças, haverá duas razões. A dos outros... e a correcta.
E agora digam lá se eu não tenho razão.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O mundo deveria ser todo assim

De toda a ficção que vi até hoje, houve alguns lugares que me fizeram interrogar... Porque é que não fizémos o mundo assim?

Um deles é Cabot Cove, a cidadezinha da série "Crime, disse ela". Supostamente localizada no estado do Maine, diz-se que na verdade era uma cidade na California que serviu de fundo ao lugar onde a escritora Jessica Fletcher escrevia os seus livros. Sempre me atraiu aquele lugar, onde as pessoas se conhecem, se ajudam, vão a casa umas das outras, passeiam juntas. Onde se vai de bicicleta à mercearia. Onde não há prédios, e as casas são brancas e de madeira, integrando-se perfeitamente no ambiente natural. E acima de tudo, onde há espaço maioritário para o verde e para o mar.






Lugar muito diferente é Hobbiton, a terra onde há séculos vivem os Hobbits, seres pequenos de pés gigantes e peludos, heróis de "O Senhor dos Anéis". Um povo que se anichou nuns montes verdes, numa terra atravessada por um riacho, e onde viviam em comunhão com a natureza, para sentir o prazer da vida a passar, com calma e sem ambições. Viver para viver. O lugar existe mesmo, na Nova Zelândia, mas o governo não quis mantê-lo após as filmagens, pelo que é hoje um lugar ao abandono, ainda que muito visitado.






Aahh, e Cicely. O lugarzinho perdido no Alasca, que servia de cenário mágico à série "Northern Exposure", em português "No Fim do Mundo". Não era uma cidade particularmente bonita, e o frio imperava a maior parte do ano. Mas não havia espaço para a impessoalidade. E o mais fascinante, cada pessoa tinha as suas características, as suas diferenças, as suas loucuras, e toda a gente as encarava com naturalidade. E apoiavam-se nas suas buscas pessoais.






E finalmente, claro, o mundo Disney. Entrar naquela Main Street USA é dar um passo para um mundo mágico. O mundo como ele devia ser, bonito, acolhedor, musical, repleto de fantasia, e principalmente um mundo onde é permitido aos adultos rirem, brincarem, surpreenderem-se e descobrirem como crianças. Onde, sabe-se lá porquê, as pessoas se dão bem e são todas iguais. Onde os ódios e as irritações parecem não entrar.






Talvez seja realmente mais fácil os lugares onde vivemos se assemelharem a estes que só visitamos. Porque pensando bem, às vezes... talvez bastasse querer.