sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Porque nesta época há mesmo qualquer coisa no ar...

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Preto no Branco

E porque não gosto particularmente de castanho no branco...



Às vezes dá mesmo pena não sermos omnipresentes, só para dizer certas coisas na cara, em vez de apenas no papel. Quanto mais grossa a camada de verniz, mais depressa ele estala!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

O lado negro da beleza



É fácil entrar numa loja e comprar um perfume, um creme para a cara, um detergente, uma pasta de dentes, sem pensar no que está por trás. Provavelmente nem queremos saber que foram despejadas gotas de químicos nos olhos de muitos coelhos que cegaram para que o nosso marido cheirasse a Hugo Boss ou a CK One. Empresas incrivelmente conhecidas como a Procter & Gamble, a L'Oreal ou a Colgate continuam a realizar testes em animais. Testes que não vale a pena descrever, porque são demasiado cruéis. Testes que a maioria das pessoas prefere desconhecer, mas que creio não teriam a coragem de realizar pelas suas próprias mãos.
A única forma de combater é saber. Porque a vaidade não justifica esta crueldade, e porque afinal há tantas alternativas. Abaixo segue uma lista das empresas que testam e que não testam em animais.

Guia de Compras "Cruelty Free"

fonte: Manchester Animal Protection

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Não é como nos filmes

Na vida dela quase nunca houve nada assim. Não houve abraços, não houve confissões, não se revelaram emoções, nunca se pediu desculpa. Nunca ninguém disse “amo-te”. Mas havia gritos, intolerância, pouca fé, silêncios e muitas esperas que o tempo apagasse erros. Constragia-a até assistir a uma cena de emoções num filme, com a família na mesma sala. Porque ninguém era capaz disso. Cultivou-se sempre uma distância física e emocional, que ela carrega até hoje. Só descobriu que não precisava de ser assim quando começou a frequentar a casa de amigos, que abraçavam os pais, que não só riam juntos mas choravam juntos. Amigos que não tinham receio de a abraçar, de pedir desculpa, de mostrar que a amavam. E só aí percebeu que não era preciso ser o que sempre conheceu, que as coisas podiam ser mais abertas e fáceis. Que a emoção não lhe estava vedada, e não era um sinal de fraqueza. Que era afinal sim um prazer, gerador da melhor felicidade.
Continuam sempre a surgir na nossa vida pessoas assim, que evitam qualquer contacto com o que sentem. Que nunca dizem “amo-te”, que nunca pedem desculpa, que não se permitem gozar a fundo a felicidade. Provavelmente não tanto porque querem que assim seja, mas porque aprenderam que é assim. E fica uma espécie de colete de forças no coração, que nunca o deixará expandir.
Interrogo-me sempre porque é que não facilitamos a vida a nós próprios. Porque é que contemos sempre o que sentimos de melhor em nós, mas soltamos o pior com a maior felicidade. Mas não tenho resposta para isso.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

O lado infantil

Pela primeira vez na vida andei numa destas:



E não é que adorei? Fiquei com um desejo ainda maior de viver numa terrinha do género "Crime Disse Ela", em que se pode ir de bicicleta para todo o lado. Lamentavelmente, aqui, uma marmanja de 34 anos atravessando a cidade em cima deste pequeno objecto, ia parecer vagamente deslocada e absurda.
Percebo cada vez melhor os pais que compram aos filhos as prendas dos seus sonhos - entenda-se, os sonhos dos pais.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Perdão

Ele era das pessoas com quem eu mais me divertia pura e simplesmente conversando. Eu adorava aqueles almoços, de hora e meia quando deveria ser só uma hora. Havia sempre tanto para dizer, coisas para contar, assuntos para reflectir, tantas gargalhadas. Não havia muita gente no refeitório que falasse e risse tanto como nós.
Um dia ele foi promovido. Passou a chefiar uma área com crescente importância, sobre a qual estavam os olhos de gente grande na empresa. Os almoços começaram a escassear. E os temas de conversa afunilaram-se até já só sobrar aquela área, os problemas da área, os dilemas da área, a evolução da área, os feitos da área, os elogios à área. Se de início achei natural, com o passar do tempo comecei a sentir que havia ali já uma vaidade exagerada, os mesmos elogios contados repetidamente; que no meio do cansaço havia um vício que lhe roubava o tempo com amigos e família, sem que ele colocasse travão.
Continuámos com um ou outro almoço esporádico. Mas se eu esperava que esses poucos pudessem ser um nada como os de antigamente, enganava-me, e a conversa começou a deambular entre a área e o silêncio. Por vezes chamava-me à sua sala para pedir algumas opiniões, algumas pequenas ajudas a nível de trabalho. Eu ia. Porque era sempre uma forma de tentar entrar em contacto com alguém que afinal já tinha desaparecido.
Mas ainda assim, nada me faria adivinhar aquele dia. Quando, preparando-nos para uma reunião com dois Directores, eu falei-lhe numa ideia. E no dia seguinte, em plena reunião, ele adiantou-se ao meu inspirar para falar e apresentou a ideia como sendo dele.
Acho que praticamente já não ouvi nada a seguir àquilo. Não importa se a ideia tinha um milímetro ou um quilómetro de importância. Qualquer coisa estilhaçou cá dentro. Porque há poucas pessoas de quem podemos afirmar que nunca fariam tal coisa. E ele era um deles.
Desde aí já deve ter passado quase um ano. Nunca mais houve um almoço. Nunca mais houve um telefonema profissional que era sempre também um prazer. Achei que não havia nada a dizer nem nada a calar. Criei mais uma relação profissional pacífica e impessoal.
Interroguei-me muitas vezes até que ponto vale a pena sacrificar uma amizade por um minúsculo e efémero brilharete perante um superior. Como não tinha resposta, deixei o tempo levar tudo.
Mas ontem aconteceu. “Temos que combinar um almoço”, disse ele.
Um almoço. O meu “’Tá bem” deve ter sido elucidatório da minha dúvida.
E agora interrogo-me. Até que ponto vale sacrificar uma amizade, por causa de um erro.
A traição da confiança é das poucas nódoas impossíveis de remover. Mas se não se pode remover, poder-se-á aceitá-la e saber viver com ela? Poder-se-á perdoar?

Sempre achei o perdão um dos gestos mais nobres do ser-humano. De que só um espírito mais elevado é capaz. É verdade que a ofensa não foi grande. Mas acho que a mágoa se mede não tanto pelo acto como por quem o realizou. Todos os dias considero aceitar aquele almoço. Serei capaz? É que ainda não sei.