terça-feira, 24 de outubro de 2006

O mais antigo

O centro comercial mais antigo da Península Ibérica chama-se Brasília, é no Porto, e celebrou o seu aniversário na semana passada. 30 anos. Quando lá entro tenho sempre a sensação de mergulhar um pouco no passado, porque os corredores são à moda antiga, a decoração é à moda antiga, a arquitectura é à moda antiga. Só as caras por trás de muitos dos balcões é que são bastante mais orientais, e algumas das lojas muito mais atafulhadas, coloridas e a parecerem casas dos 300 da China. Isto para dizer que o Brasília fez 30 anos. E para dizer como o centro me parece antigo. E para dizer que me apercebi de que o centro comercial mais antigo da Península Ibérica... nasceu depois de mim.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Visitas

Ninguém pode dizer que um blog não acrescenta nada às nossas vidas, nem cultura, nem pensamento, nem informação. Seria injusto, quando nos basta o simples quadradinho do Site Meter para ter uma ideia muito mais clara do tipo de pessoas que por aí andam a “googlar” diariamente, e o tipo de assuntos que “googlam”. O meu canto da blogosfera teve já o privilégio de receber visitas de alguns ilustres que procuram temas que não posso deixar de partilhar. São eles:

- gorduchas nuas (felizmente há gostos para tudo),
- nuas nos vestiários (muito original),
- nariz de vidro (hem...?),
- senas de masoquismo (sim, com “s”),
- alheira calorias (sempre uma preocupação),
- slides dia da secretária (? Eu bem dizia que há dia para tudo o que mexe),
- como fazer pompons (ok...),
- mamas de mulheres nuas (não vejo o interesse de mamas de mulheres vestidas, mas...),
- papel de fundo beldades nuas (porque é importante ter onde descansar a vista),
- fotos mulheres nuas em vestiários femininos (uma vez mais a originalidade),
- cenas de prazer (é puxar pela imaginação),
- ver fotos de jogadores nus em vestiários (finalmente uma mulher a “googlar”!).

Podemos bem imaginar a desilusão destas pessoas quando, na sua ânsia por resultados, se lhes deparou este blog.
Mas agora imaginem a quantidade de visitas extra que vou ter, depois de ter escrito este post...

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

O medo da felicidade

Todos nós temos coisas com que sonhamos há muito. Desejos que se mantêm com o passar dos anos, ainda que o tempo lhes esbata a intensidade, ou pelo menos a disfarce. Mas a mente joga de forma curiosa, manipula-se a si mesma, e com os seus mecanismos de autodefesa, é capaz de se fazer a si mesma acreditar nas coisas mais contrárias àquilo que ela própria crê. É assim que ela se ensina a si mesma que não nascemos para determinadas coisas, que não merecemos experimentar determinadas situações, que não merecemos viver determinados momentos. Com o tempo, aprendemos tão bem a lição, que este ensinamento passa a realidade. E somos capazes de encontrar uma série de argumentos que justificam não merecermos a realização do nosso sonho. E por muito disparatados que sejam, facilitam a nossa vivência com aqueles desejos indefinidamente por concretizar. É uma razão cimentada, que nos ajuda a pôr para trás o que não foi, e é mais fácil se acreditarmos que é para “nunca” ser.
Mas às vezes vem a realidade e subitamente contraria este conformismo mentiroso. E não sabemos bem o que nos atingiu. Como é que vamos viver aquilo que acreditamos que não merecemos? Como é que vamos saber agir, no meio que algo que cremos que não nascemos para viver? A felicidade interna é imensa, mas está contida naquela caixinha minúscula onde guardámos o desejo, onde ele está, escondido, refreado, compactado. Às vezes já nem sabemos bem onde guardámos a chave. Por dentro uma felicidade imensa, por fora a apatia num rosto receoso, duvidoso. Porque ainda acreditamos na nossa mentira.
O mundo deu a volta, ficámos de pernas para o ar. A mente ainda nos diz que não. A surpresa da vida diz-nos que sim. É a sensação de estar fechado num ovo e nós, frágeis, temos que quebrar a casca. E voltar a acreditar que os momentos felizes podem acontecer a qualquer instante. Podem mesmo acontecer-nos a nós. E nós... temos direito a eles.

Sinais de Outono

Vê-se logo que o Verão se foi. Pelo cheiro a naftalina que reina nos autocarros.