quinta-feira, 31 de março de 2011

Desisto. Não consigo perceber a vida. Pura e simplesmente não consigo. Sempre pensei que ao chegar à meia-idade, as coisas já fossem claras, já estivessem no lugar, ou que pelo menos eu já soubesse o lugar delas. Agora já percebo porque é que é nesta altura que se tem a tal crise. Porque passamos 40 anos a achar que chegamos a esta fase e somos finalmente crescidos, estáveis, sabemos o que queremos e temos quase tudo o que queremos. Mas afinal não é nada disso. Não percebo porque é que o que queremos já não é o que queríamos. Porque é que o que parecia perfeito de repente deixa tanto a desejar. Porque é que as pessoas mudam. Porque é que nós mudamos. Ou será que é porque no fundo nunca realmente mudamos? Porque é que continuamos a não ter a certeza do que queremos. Tenho agora precisamente as mesmas dúvidas que tinha com 6 anos. Porque é que há pessoas más? Porque é que o Pai Natal não existe mesmo? Porque é que os crescidos tornam a vida tão difícil uns aos outros?
Pensei que nesta altura, a chave da vida já estaria desvendada. Que o meu lugar já seria óbvio.
Também pensava que já teria aprendido a reacção correcta na maioria das situações. Que já saberia quando calar-me, quando falar, quando ser compreensiva ou quando permitir-me indignar-me. Mais importante que tudo, que já teria conseguido dominar a arte de dedicar-me ao que é realmente importante, e esquecer instantaneamente tudo e todos os que não interessam. Que nunca mais voltaria a permitir que o que nos fazem as pessoas más, envenene os aspectos bons da nossa vida.
Pensava também que já teria aprendido a reprimir as minhas expectativas nos outros, que por esta altura já não esperaria nada e que por isso estaria na segura posição de não voltar a ser desapontada. O mesmo digo para as minhas expectativas sobre mim própria.
Pensava, acima de tudo, que nesta idade já teria podido parar de pensar. E começado simplesmente a viver.
É por isso mesmo, porque no fundo nunca mudamos, porque nunca deixamos de ter expectativas, porque continuamos a sentir-nos com 6 anos, que agora coloco sobre a segunda metade, a expectativa que tinha sobre a primeira.
E afinal, o que é que se aprende em 40 anos? Uma e única brilhante lição. Que a arte de ser humano é com certeza a mais difícil de todas. Bem, ou pelo menos, parece…

quarta-feira, 30 de março de 2011

Dizeres que se comprovam

Confirma-se. Em situações difíceis, as alianças mais improváveis acontecem. Colocam-se as diferenças para trás e trabalha-se em sintonia, para um objectivo e um bem comuns. É no meio disto que por vezes abrimos o espírito e deixamos entrar o que à partida jamais teria visto de entrada. E é no meio de tudo isso que me questiono. Porque é que será sempre preciso esperar pela situação difícil? Há coisas que só se fazem quando não se tem outro remédio. Mas esta não deveria ser uma delas.