quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

“bottom line”

Quando somos novos, somos sempre diferentes. Diferentes de toda a gente. Vamos fazer uma diferença no mundo. Vamos seguir sempre os nossos princípios. Vamos encontrar pessoas incríveis! Batalhar pelo que acreditamos. Ter uma profissão que amamos. Ter tempo para realizar todos os sonhos, todas as ambições. Mas crescer afinal não tem a graça toda que apregoa. Reduz-se a lista de sonhos ao mínimo, os princípios afinal não é coisa que se use no mundo dos grandes, parece que remamos contra a maré, e a profissão... bem, aquela profissão que amamos e nos realiza e nos faz diferente dos outros, troca-se pelos euros ao fim do mês, e pela segurança, pelo cargo efectivo e pelo seguro de saúde. Se uma minoria tem a incrível sorte de fazer o que gosta, a grande maioria troca oito horas ou mais da sua vida todos os dias, por uma ou duas centenas de euros ao fim de cada 30 dias. A verdade é que, “bottom line”, tudo gira à volta do dinheiro. Tudo.
Pode parecer mesquinhice, quando se tem dinheiro suficiente para viver, agonizar com o facto de se fazer o que se odeia. Mas há muitos anos atrás, disseram-me uma vez “Quem está bem no trabalho, está bem na vida.”. Eu já nessa altura concordava. Mas agora sei-o todos os dias.
Deve haver milhares – milhões! – assim. Hesitantes a vida toda entre os sonhos e a segurança. A deixarem passar a vida toda assim, a hesitar.
Raios de vida esta, sem manual de instruções, sem espaço para ensaios, sem página do “fim” para ir ver como acaba, antes de acabar. Só me lembro daquele senhor no anúncio, com os pés à beira do Marquês do Pombal. E dali consegue ver onde vão dar todos os caminhos. Pois daqui não se vê um palmo à frente do nariz. Nada. Qual é o caminho certo? Alguém pode por favor acender uma luz?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

?!?

O meu telemóvel foi há dias brindado com a seguinte pérola:

"Pdx krer! Lol! Tou memu mal! O paulo é k foi um fofo ontem! Emprextou m o kaxaku! E ele ontem d t-shirt! Koitadinhu lol. Bjokax gandx"

Primeiro perguntei-me se conheceria alguém grego. Ou com uma grave deficiência na fala. Foi com grande alívio que percebi que era engano.

São coisas como esta que me fazem entender a célebre frase. "Youth is wasted on the young".

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

2 em 1

É uma maravilha quando colegas de trabalho se transformam em amigos. A socialização é como as ruas de Nova Iorque, está-se bem melhor se se pertencer a um gang, mesmo que este só tenha 2 ou 3 elementos. Sozinhos somos um poste espetado no meio do deserto, fácil de ver e ainda mais fácil de atingir.
O mundo não foi feito para individuais, e no trabalho não é diferente. Por isso dou graças a Deus pelos meus dois gangs, um intra-departamental e um inter-departamental. Bem sei que nada é perfeito, que são as circunstâncias que unem os elementos, e que até dentro de um gang há sub-gangs. Mas enquanto houver gang, não há poste. E valha-nos isso.

Mas se a coisa neste sentido é uma maravilha, já uma maravilha não é no sentido inverso. Naquele em que um amigo se torna num colega de trabalho. Não sei o que é, mas tenho uma teoria. Existe à partida um à vontade em que uma relação profissional não pode basear-se. Podemos dizer tudo, podemos fazer tudo (ou em alguns casos não fazer nada). Porque a malta conhece-se, e estamos “à vontade”. Dá-me a sensação que uma relação profissional precisa do politicamente correcto, para não crescer torta. Precisa que não se diga logo tudo o que se pensa. Precisa do bom aspecto de quem não se conhece bem. Dos panos quentes, da paciência, da lentidão. Se não, é uma bola de neve pela encosta abaixo. Leva tudo à frente e acaba estatelada.

Quando tinha 16 anos achava que não devia haver nada melhor, trabalhar com amigos. Ponha-se-lhe o dobro da idade em cima, e percebe-se a subtil diferença. Bom mesmo é fazer amizade com colegas. É a diferença entre o sucesso e o desastre anunciado. Entre um gang dono das ruas e um gang que se mata antes sequer de lá pôr os pés.